Infectologistas Flávio de Queiroz Telles e Alessandro Pasqualotto comentam os avanços nas novas recomendações
A Organização Mundial da Saúde (OMS), a Organização Pan Americana da Saúde (OPAS) e o Centro de Controle de Doenças de Atlanta, nos Estados Unidos, lançaram o mais recente consenso de histoplasmose, doença causada pelo fungo Histoplasma capsulatum. Esta doença é altamente endêmica em algumas regiões da América do Norte, América Central e América do Sul e também é relatada em alguns países da Ásia e da África.
O problema afeta frequentemente pessoas com imunidade prejudicada, como é o caso das que vivem com o HIV, entre as quais, a apresentação clínica mais frequente é a histoplasmose disseminada. Neste caso, os sintomas são inespecíficos e podem ser indistinguíveis de outras doenças infecciosas, principalmente a tuberculose disseminada (TB), o que dificulta o diagnóstico e o tratamento.
Os infectologistas Flávio de Queiroz Telles, pesquisador da Universidade Federal do Paraná, e Alessandro Pasqualotto, professor da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) participaram do consenso, assim como o infectologista Arnaldo Colombo, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que contribuiu para a revisão do material.
“O recente guidelines em histoplasmose atualiza recomendações para o diagnóstico, tratamento e manejo da histoplasmose em indivíduos vivendo com HIV, baseado em revisão sistemática da literatura com recomendações baseadas em evidências. Embora as recomendações tenham sido focadas a pacientes com HIV, muitas delas podem ser utilizadas em pacientes com histoplasmose disseminadas em imunodeprimidos por outros fatores de risco como transplantes de órgãos sólidos, uso de corticosteroides e imunobiológicos”, diz Telles.
Para Pasqualotto, o principal desafio das novas diretrizes reside em fazer com o que este conhecimento seja aplicável à prática assistencial brasileira.
“O consenso de histoplasmose da OMS/OPAS/CDC trouxe vários avanços. Em particular, colocou anfotericina B lipossomal como a droga de escolha para tratamento da histoplasmose disseminada na AIDS, e destacou o antígeno urinário de Histoplasma como o teste de escolha para diagnóstico desta doença”, completa Pasqualotto, professor na Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).
A histoplasmose é uma das infecções oportunistas mais frequentes causadas por fungos patogênicos entre as pessoas que vivem com HIV nas Américas e pode ser responsável por 5–15% das mortes relacionadas à AIDS todos os anos nesta Região. As novas diretrizes têm como objetivo fornecer recomendações para o diagnóstico, tratamento e manejo da histoplasmose disseminada em pessoas que vivem com HIV. Embora a carga de doenças esteja concentrada nas Américas, as recomendações apresentadas nestas diretrizes são aplicáveis globalmente.