Em entrevista para a Agência Brasil, o infectologista Clovis Arns da Cunha (PR) destacou um grave problema de saúde respiratória relacionado ao vírus sincicial respiratório (VSR). Bastante frequente, esse vírus afeta grande parte da população, em especial nos meses de inverno, período de maior sazonalidade desse vírus. Por conta disso, a Sociedade Brasileira lançou a campanha “Protegido você vai longe – Depois dos 60 o risco de ter pneumonia por causa do VSR é maior” com o objetivo de conscientizar as pessoas a respeito do VSR. Em pacientes obesos, com doenças crônicas pulmonares. cardiovasculares e diabetes, as complicações podem ser maiores e o risco de hospitalização e letalidade ainda é alto. A boa notícia é que hoje temos como nos prevenirmos com vacinação, ainda na rede privada, mas em debate junto ao Ministério da Saúde. https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2025-07/doencas-cronicas-agravam-infeccoes-respiratorias-em-idosos-diz-estudo
Planejamento e educação são aspectos indispensáveis para lidar com os problemas causados por enchentes A relação entre mudanças climáticas e saúde pública é cada vez mais evidente quando se trata de doenças de transmissão hídrica. É uma realidade que ano a ano expõe a Infectologia diante de catástrofes (como a ocorrida em 2024 no Rio Grande do Sul) e em outras regiões do país também, sobretudo em época de fortes chuvas. Mais que um problema, é um grande desafio que afeta o país todo e depende de inciativas coletivas para combater tantos desastres. Abrange ações pelo Estado e participação da população para o devido enfrentamento de uma série de doenças. Leptospirose, hepatite A, diarreias e micoses são importantes doenças transmitidas pelas águas. Além disso, a proliferação de mosquitos aumenta a transmissão de arboviroses como dengue, Chikungunya, Zika, febre amarela, febre do Oropouche e outras, o que gera uma questão altamente complexa e de difícil solução a curto prazo. “O Impacto para a saúde pública é enorme, há um aumento de casos de diversas doenças e muitas vezes chega a ser catastrófico em muitos serviços nossos. Sem dúvida, deveria ter uma melhor coordenação nacional, com planejamento assim como disponibilização de recursos, insumos, medicamentos, vacinas e muito mais”, adverte o infectologista Décio Diament. Nesse contexto, tão importante quanto as ações do governo, a participação das pessoas também é fundamental diante de tantas doenças que afetam as pessoas anualmente, envolvidas junto ao contato, imersão ou ingestão de água poluída ou contaminada. “Essas doenças também são associadas a muitos fatores como lixo, poluição e, em especial, passa pela conscientização das pessoas também. Educação faz parte disso tudo e todos somos corresponsáveis. É um problema de saúde pública complexo. Todos nós somos atores desse grande problema”, diz o infectologista Claudilson Bastos, reforçando a necessidade de políticas mais efetivas para evitar os agravantes das doenças de transmissão hídrica. O gerenciamento de todas essas variáveis que cercam as doenças de transmissão hídrica é fundamental para que não haja uma sobrecarga nos serviços de saúde. Depende de ações assertivas e que realmente possam contribuir para mitigar os problemas. Em épocas de enchentes, por exemplo, há lotação de muitos serviços e a necessidade de ter plano de contingência seria determinante. “Deveríamos ter uma atenção especial para isso e já sabemos desse alto risco anualmente. Precisaríamos implementar políticas de saúde e que fossem permanentes para atender as pessoas e tudo interligado a outras áreas como meio ambiente, infraestrutura e outras”, diz Diament. Além disso, as doenças de transmissão hídrica se conectam a uma questão histórica vinculada à falta de saneamento básico, problemas habitacionais, superpopulação nas grandes cidades, dificuldade de escoamento adequado das águas entre outros fatores. “Todas essas doenças se misturam a uma questão estrutural do nosso país”, conclui Bastos.