O enfrentamento da hanseníase passa por um dos momentos mais delicados no Brasil.
O enfrentamento da hanseníase passa por um dos momentos mais delicados no Brasil. O real descaso com a inclusão de novas drogas no esquema terapêutico, a escassez no fornecimento de novos exames complementares para o diagnóstico e a dificuldade de acompanhamento das sequelas de pacientes diagnosticados colocam essa doença como uma importante questão de saúde pública.
Mesmo a hanseníase sendo uma doença infeciosa e de alta infectividade, desde o final de 2020 tem ocorrido grande desabastecimento da poliquimioterapia, esquema usado há 30 anos. Em alguns estados, faltam drogas utilizadas para o tratamento assim como nos surtos reacionais. Enquanto isso, 30 mil novos casos são diagnosticados anualmente no Brasil.
“Há necessidade de mais campanhas de conscientização de âmbito nacional, de treinamentos locais e da inclusão da hanseníase nos cursos de medicina. Outro aspecto é que está ocorrendo dificuldade na busca ativa de novos casos, de diagnóstico precoce e nos treinamentos de equipes locais”, diz Márcio Gaggini, coordenador do Comitê de Hanseníase da Sociedade Brasileira de Infectologia.
Os especialistas sugerem ainda a necessidade de novos protocolos com outros esquemas terapêuticos, uma melhor qualidade das técnicas atuais para a realização adequada da baciloscopia do raspado e acessos a novos diagnósticos moleculares e sorológicos. “Precisamos oferecer uma abordagem clínica e terapêutica apropriada, promover a inclusão social e atuar para combater o preconceito que muitos pacientes com hanseníase ainda sofrem”, diz Gaggini.