Hesitação vacinal, falta de reforços de imunizantes, mutações da bactéria são alguns fatores relacionados dados elevados dessa doença respiratória
De acordo com o painel epidemiológico do Ministério da Saúde, os casos de coqueluche tiveram aumento exponencial em 2024, o maior dos últimos nove anos. As notificações da doença aumentaram 2.702% em relação a 2023, com 5.998 casos confirmados, contra apenas 214 no ano anterior. O número de casos registrados foi de 3.253 registros de casos notificados de coqueluche, o que o torna o ano com mais casos desde 2014, segundo painel epidemiológico do Ministério da Saúde (MS).
No ano de 2024, seguindo uma tendência mundial, os registros da coqueluche voltaram a subir significativamente, em especial nos estados do Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Distrito Federal e Rio Grande do Sul. Já os 13 óbito registrados foram em crianças, todas filhas de mães não vacinadas. De acordo com os especialistas, a cobertura vacinal é determinante para controle da coqueluche, contudo a realidade que se mostra é bem diferente. “Temos muita hesitação vacinal, o que resulta em surtos em populações vulneráveis, mutações bacterianas, falta de reforço e menor imunidade mesmo. É uma situação preocupante, sem dúvida”, destaca o infectologista Carlos Starling.
Outros aspectos também precisam ser considerados para o aumento de doenças infecto-contagiosas como a coqueluche, pois isso tudo não pode ter uma análise isolada, já que abrange desde maior circulação da bactéria, risco de pacientes mais suscetíveis até a imunidade não funcionante. “Esse grande aumento engloba esse conjunto de fatores. Importante destacar que é uma doença respiratória, contagiosa e transmissão por gotículas e pela saliva. Além disso, temos poucos diagnósticos específicos e hoje, no Brasil, muitos casos de coqueluche entram como síndrome gripal, o que é um problema, sem dúvida”, reforça a infectologista Mônica Gomes.
O alvo, de acordo com especialistas, é a necessidade e reforço da vacinação, o que é um alerta permanente para se evitar dados epidemiológicos tão alarmantes como o que tivemos no ano passado. “É um problema de saúde pública grave e temos que dar uma atenção especial a isso, já que pode levar a complicações, internações e até óbitos. Populações como gestantes, bebês, idosos, profissionais de saúde demandam uma atenção especial e a vacinação contra a coqueluche está bem comprometida no país, com baixas taxas de cobertura, o que reflete nesses dados preocupantes”, completa Starling.
Para 2025, as perspectivas para 2025 estão em questão, sobretudo se não houver maior conscientização, combate a fake news e até mesmo mudanças de estratégicas, monitoramento dos genótipos, vigilância, investimento em pesquisas e muito mais. “O foco para enfrentar é a vacinação e temos que orientar todos, sempre, sobre isso”, finaliza Mônica.
https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/svsa/cnie/painel-coqueluche