Dados são do Ministério da Saúde e preocupam especialistas. Várias capitas tiveram aumentos muito significativos dessa doença
O último Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais do Ministério da Saúde apontou uma realidade bem preocupante em relação à hepatite A, ou seja, no último ano, a taxa aumentou 54,5% em relação ao ano anterior, passando de 1,1 para 1,7 caso por 100 mil habitantes. De acordo com o boletim, isso foi impulsionado pelas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, que apresentaram taxas de 3,3, 2,1 e 1,8 casos por 100 mil habitantes – um aumento de 50,0%, 57,1% e 350%, respectivamente, em 2024.
No período de 2000 a 2024, as regiões Nordeste (29,2%) e Norte (24,5%) compreendem mais da metade de todos os casos confirmados de hepatite A no Brasil. As regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste abrangem 19,6%, 15,7% e 10,9% dos casos do país, respectivamente.
Em 2024, a maioria das Unidades da Federação apresentou taxas de detecção de hepatites virais em torno de 0,5 caso por 100 mil habitantes. No entanto, alguns estados registraram taxas superiores, como Mato Grosso do Sul (6,0), Paraná (5,7), Rio de Janeiro (2,8), Distrito Federal (2,8), São Paulo (2,5), Goiás (1,8), Santa Catarina (2,0), Rio Grande do Sul (1,8), Minas Gerais (1,2) e Acre (1,0).
Quando ranqueadas, as taxas de incidência de hepatite A em várias capitais brasileiras, observa-se que nove delas apresentaram taxa superior à nacional (de 1,7 caso por 100 mil habitantes): Curitiba (31,3), Campo Grande (17,2), Florianópolis (13,5), Porto Alegre (8,6), Belo Horizonte (7,2), Rio de Janeiro (5,6), São Paulo (5,2), Brasília (2,8) e Recife (1,9) com prevalência do sexo masculino (três casos em homens e um em mulheres).
Em 2024, a faixa etária com maior frequência de óbitos que teve como causa básica a hepatite A foi a dos indivíduos com 60 anos ou mais. Houve 27 óbitos no Brasil, com oito óbitos na região Nordeste, oito na região Sul, sete na região Sudeste, dois na região Norte e dois na região Centro-Oeste todos os anos. O coeficiente de mortalidade nessa faixa foi o mais elevado, ficando em segundo lugar somente em 2016.
Para Marcelo Simão, do comitê de hepatites virais da Sociedade Brasileira de Infectologia e ex-presidente da entidade, esse aumento da hepatite A é uma questão bem relevante para a saúde pública. “Esse aumento vem desde a baixa vacinação contra a hepatite A, de homens que fazem sexo com homens (HSH) assim como questões de saneamento básico importantes, que ainda é um problema em grande parte do país, manipulação inadequada de alimentos entre outros fatores. Em geral, a hepatite A não é grave, mas precisamos tomar cuidado como um o devido acompanhamento e evitar desfechos como óbito que pode ocorrer em determinados casos”, diz Marcelo.