Campanha, iniciada em novembro de 2024, visa conscientizar as pessoas sobre o uso adequado,
benefícios e riscos desses medicamentos
A partir do desafio que envolve o cenário dos antibióticos no Brasil, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) lançou a campanha Será que Precisa? Informe-se sobre o uso adequado dos antibióticosjuntamente com um levantamento sobre o conhecimento dos brasileiros sobre esses medicamentos. “A iniciativa chega com o objetivo de acompanhar de perto e reforçar as principais questões sobre prescrição e uso adequado dos antibióticos para que médicos, profissionais de saúde, pacientes e sociedade civil estejam na mesma página”, alerta Alberto Chebabo, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
Em paralelo, a SBI fez um levantamento que apontou que um terço dos pacientes ainda toma antibióticos sem receita e 37% acreditam que os antibióticos combatem outros microrganismos, além das bactérias, o que não corresponde com a finalidade dos antibióticos. Esses dados fazem parte da campanha, que visa conscientizar o maior número de pessoas sobre antibióticos.
A campanha tem como objetivo aumentar o nível de entendimento da população brasileira sobre antibióticos, já que é um desafio de saúde pública que exige a atenção dos especialistas e da sociedade como um todo. A amostra realizada nas cinco regiões do país, com 375 pessoas a partir dos 18 anos, traz um aspecto importante sobre o perfil de quem compra antibiótico sem receita. Os homens, com 53,2%, e 34,8% da região Nordeste formam os públicos que mais adotam essa prática. As farmácias de bairro, com estrutura menor e as que não fazem parte das grandes redes compõem os principais locais citados para driblar a prescrição médica, com 27% dos acessos.
Os dados constatados também indicam que mais da metade dos respondentes (55,5%) desconhece o fato de que há possibilidade do desenvolvimento de resistência bacteriana aos antibióticos e somente 30,9% sabem que a classe de medicamento em questão combate somente as bactérias. Em relação às fontes de referência mais buscadas quando o assunto é antibiótico, a pesquisa aponta que 80% das pessoas obtêm informações de profissionais de saúde, médicos e entidades de saúde. Entretanto, 33,3% procuram se atualizar por meio de redes sociais e influenciadores digitais, que não são fontes primárias de informação sobre o tema.
“A pesquisa traz um panorama de vida real de desinformação e um viés de comportamento que colocam os antibióticos como uma questão sensível. E isso pode ser atribuído a vários motivos como: o uso inadequado e indiscriminado que pode levar à resistência bacteriana; a procura de vários profissionais até conseguirem obter a prescrição médica; a partir de um conceito equivocado de que o antibiótico resolve tudo”, explica Ana Gales, infectologista e coordenadora do comitê de resistência antimicrobiana da Sociedade Brasileira de Infectologia.
O ranking da automedicação
A análise mostrou que 24,5% dos brasileiros usam antibiótico por conta própria uma, ou mais vezes por ano, e identificou quais são as situações que mais demandam a procura por antibióticos. A dor de garganta é o principal motivo, com 62,4% das citações. Resfriado e gripe, com 26,8%, sinusite, com 18,8%, ardência ao urinar e tosse, com 14,1%, são os outros cinco quadros que mais levam à automedicação. Com 13,4%, a dor muscular apareceu como a sexta mais citada, seguida pela dor de cabeça, com 12,8% das menções.
Por conta desses dados e de outros problemas que envolvem inclusive meio ambiente, mudanças climáticas e descarte de lixo, os antibióticos representaram uma revolução para a saúde como um todo, mas hoje seu uso depende de indicações adequadas e de maior conscientização social, propósito dessa campanha da SBI.