O Boletim atualizado do Ministério da Saúde aponta que o perfil epidemiológico das Pessoas Vivendo com HIV/Aids (PVHA) no Brasil se concentra em jovens, pretos ou pardos
No final de 2024, o Ministério da Saúde – por meio do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde (Dathi/SVSA) – divulgou, o mais recente Boletim Epidemiológico de HIV e Aids, trazendo informações importantes sobre o perfil de PVHA referente aos dados coletados em 2023 de notificações e plataformas de monitoramento epidemiológico nacional.
O perfil das PVHA em 2023 aponta dados onde 70,7% das notificações eram do sexo masculino, sendo 63,2% composta por pessoas pretas ou pardas, e 53,6% eram de homens que fazem sexo com homens. A razão entre os sexos de nascimento é de 2,7 casos em pessoas do sexo masculino em relação ao sexo feminino. A faixa etária com maior número de casos (37,1%) está entre 20 a 29 anos de idade, e para o sexo masculino esta faixa etária concentra 41% dos casos.
“Percebemos que as pessoas estão se contaminando cada vez mais jovens, mas também detectando mais precocemente. Contudo, isso precisa ser reforçado cada vez mais para toda a população, sobretudo para realizarem os testes de detecção”, diz Valdez Madruga, coordenador do comitê de HIV/Aids e ISTs da Sociedade Brasileira de Infectologia.
Também de acordo com esse boletim, em 2023, houve um crescimento de 4,5% nos casos de HIV em comparação a 2022, demonstrando maior capacidade de diagnóstico dos serviços de saúde no Brasil. Além disso, em 2023, a taxa de mortalidade por Aids foi de 3,9 óbitos, a menor desde 2013.
Faixa etária e gênero
Quanto aos casos de Aids, em 2023, foram registrados 38 mil casos, com a região Norte registrando a maior taxa de detecção do país, 26%, seguida pela região Sul, 25%. No ranking de casos, Boa Vista (RR), Manaus (AM) e Porto Alegre (RS), apresentam taxas de detecção de 50,4%, 48,3% e 47,7%, respectivamente. Desse montante, os homens foram responsáveis por cerca de 27 mil dos casos registrados, de acordo com o boletim.
Já a faixa etária majoritária de casos de Aids é a de 25 a 29 anos de idade, com 34%, seguida da de 30 a 34 anos, com 32,5%. Quanto à categoria de exposição, em 2024, 43,9% dos casos notificados da síndrome ocorreram entre pessoas do sexo masculino homossexuais e bissexuais.
No ano de 2023, o número de óbitos foi de 10.338, mas a mortalidade padronizada registrada foi 3,9%, a menor desde 2013. “Nesse aspecto, o tratamento adequado com antirretrovirais reflete esses números diminuídos, mas ainda precisamos aprimorar a terapia oferecendo novos medicamentos, mais seguros e eficazes, o que impacta na qualidade e na expectativa de vida das pessoas que vivem com HIV ou Aids. Esse é um desafio para a assistência desses pacientes”, completa Melissa Medeiros, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia.