Mesmo com altas taxas de cobertura vacinal, o sarampo depende de estratégias para evitar a transmissão.
Surtos em países vizinhos e casos importados preocupam especialistas
Atualmente, o Ministério da Saúde, em parceria com as equipes estaduais e municipais de saúde, tem feito reforços e ações de controle contra o avanço do sarampo no Brasil, inclusive para evitar casos importados dessa doença. Nesse ano, foram diagnosticados ainda cinco casos importados [dois no estado do Rio de Janeiro, um no Distrito Federal, um em São Paulo e um no Rio Grande do Sul] e a grande preocupação é por conta dos surtos em países como Bolívia, Uruguai e Argentina. Além desses países, outros países do continente têm muitos casos registrados, incluindo Canadá, Estados Unidos e México, que somados já tem 9,8 mil casos de sarampo.
No Brasil, um alerta importante está na cidade de Campos Lindos (TO), município que registra o maior número de casos, com 18 confirmações, o último caso foi confirmado em 6 de agosto. Contudo, de acordo com o Programa Nacional de Imunizações (PNI), não há transmissão sustentada do sarampo no País, porém a principal observação dos especialistas é em relação às pessoas que viajam para regiões afetadas
“A vacinação contra sarampo está disponível para pessoas de 6 meses a 59 anos em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) do país e é a forma mais eficaz de combate a essa doença. Essa mensagem devemos reforçar cada vez mais, pois é uma doença de alta transmissibilidade e pode levar a óbito”, diz a infectologista Nanci Silva.
Dose zero
Neste ano, o Ministério da Saúde já distribuiu mais de 13,6 milhões de doses da tríplice viral e a cobertura vacinal da primeira dose ultrapassa 90%. Com isso, o objetivo é controle efetivo em todo o território nacional, além da manutenção da certificação de país livre do sarampo, concedido pela Organização Mundial de Saúde.
Outra abordagem do Ministério da Saúde para evitar a transmissão do sarampo é a aplicação de uma dose extra da vacina (dose zero), indicada preferencialmente a crianças de 6 meses a 11 meses e 29 dias de idade, em contextos de risco maior de circulação do vírus do sarampo.
A estratégia da dose zero começou a ser aplicada em regiões mais vulneráveis pelo Acre, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e Tocantins. Já em outros locais como no Rio Grande do Sul, a recomendação é destinada a municípios de fronteira com a Argentina e o Uruguai, além de cidades turísticas, universitárias e com alto fluxo de pessoas. Em São Paulo, é indicada para as regiões Metropolitanas da capital, de Campinas e da Baixada Santista. “Temos que atuar para evitar o sarampo e essas estratégias são recomendadas. Contudo, todos devem aderir fortemente com a vacinação, inclusive fazendo doses de reforço. O sarampo ainda é um problema de saúde pública mundial e temos que monitorar mesmo”, diz o infectologista Rodrigo Lins, membro do comitê de imunização da Sociedade Brasileira de Infectologia.