Desde 1929, a Sociedade Brasileira de Medicina Tropical promove o MEDTROP – um congresso que se consolidou como uma referência nacional da área, trazendo temas relevantes, quentes e abrangentes, contando com grandes parcerias e colaborações nacionais e internacionais. O congresso avança e renova nessa edição elegendo como lema “MEDICINA TROPICAL SOB OLHAR DE SAÚDE ÚNICA”.
Saúde única ou Uma Só Saúde é uma abordagem multisetorial, transdisciplinar, integrada e unificadora que visa equilibrar e otimizar de forma sustentável a saúde de pessoas, animais e ecossistemas. A abordagem reconhece que a saúde dos seres humanos, dos animais, das plantas e do meio ambiente mais amplo estão intimamente ligados e interdependentes, necessitando de uma abordagem em conjunto, visando um desenvolvimento sustentável.
A Medicina Tropical sempre contemplou a importância de outras espécies, mas principalmente como fonte de infecção, reservatórios de microrganismos na cadeia de transmissão, como no caso da origem do HIV, Sars-Cov-2 e dos reservatórios de certas parasitoses. Ressalte-se que, nas últimas três décadas, 75% das doenças emergentes são zoonoses. Há que considerar, por outro lado, a interconexão entre a infecção/doença do ser humano e a infecção/doença de outras espécies. Um bom exemplo é a infecção pela bactéria Staphylococcus aureus, com cepas resistentes a antimicrobianos, apontada entre os “patógenos prioritários” pela Organização Mundial da Saúde, sendo considerada a maior ameaça à saúde humana pela alta letalidade. Ao mesmo tempo, esta bactéria atinge bovinos, um dos reservatórios para transmissão ao homem. Nesta espécie causa a mastite, inflamação nas glândulas mamárias, com difícil controle, comprometendo a produção do leite, com repercussão econômica considerável na área agropecuária, além de propiciar o aparecimento de cepas resistentes a antimicrobianos, pelo uso, muitas vezes, não controlado de antibióticos no seu tratamento. Esse aspecto é um alerta à questão da segurança alimentar.
Fato notório pela vivência dos médicos e profissionais de saúde, decorrente do cenário recente na área, é que no enfrentamento de doenças originalmente infecciosas, todo arsenal científico-médico deve ser considerado, tanto do ponto de vista de especialidades médicas quanto de recursos tecnológicos.
Dentro dessa visão, teremos uma temática abrangente contemplando as infecções por vírus, bactérias, fungos, parasitos e outras questões como saúde do viajante a áreas endêmicas, acidentes por animais peçonhentos, etc. Estas serão focadas sob olhar de saúde única, considerando as questões ambientais e a participação de outras espécies animais. A interface com a ciência veterinária virá à tona. Zoonoses com estreita relação com a saúde humana e a resistência a antimicrobianos por uso não controlado de antibióticos em outras espécies terão destaque. Pesquisas transacionais para sustentar novas intervenções terapêuticas serão debatidas. Estratégias de controle, vigilância a doenças emergentes, predição de futuras epidemias e pandemias, desenvolvimento de novas tecnologias, de novos insumos, eficácia vacinal serão também amplamente debatidos.
Para tratar de temas tão atuais e abrangentes, atrativos a um grande número de participantes, escolhemos o Centro de Convenções Rebouças, que oferece um ambiente moderno e acolhedor, em uma localização privilegiada em São Paulo: vinculado ao complexo HC-FMUSP, a alguns passos da estação Clínicas do Metrô, a poucos metros de pontos de ônibus, com amplo estacionamento que oferece vagas também para bicicletas, na confluência das Avenidas Paulista, Rebouças e Dr. Arnaldo.
A expectativa é de reunir mais de 3.000 participantes vindos de todos os estados do Brasil e de outros países. Durante o evento estão previstas atividades diversificadas, diferenciadas que potencializem a atualização do conhecimento, o networking, as colaborações e o desenvolvimento médico-científico.